terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ainda que...nada serei!



What do you got if you ain't got love?

Há mais de dois mil anos atrás, um tal de Paulo escreveu uma poesia sobre o amor e desde então essa poesia tem inspirado milhares de outras poesias sobre isso. A música “What do you got”, de Bon Jovi, que me inspirou a escrever esse post, segue esse curso. A razão para tal sucesso parece óbvia: a poesia de Paulo não fala de qualquer amor (como o que diz: “amo correr” ou “amo meu carro”), nem tampouco de nossos amores-necessidade (C. S. Lewis) tipicamente humanos; ele fala sobre ágape, o amor divino, e pontua características próprias e vivas desse amor.


Apesar de ser poético, o texto de Paulo é direto, vai à veia do que o amor é na prática; consegue construir uma bela visão, sem deixar de ser realista, admitindo que, embora o amor seja tudo, fora de Deus não é possível vivê-lo em seu mais sublime sentido, e, mesmo que busquemos esse “vínculo da perfeição”, como diz João, ainda assim, continuaremos vendo “um reflexo obscuro, como em espelho”. Ou seja, perseguir o amor verdadeiro é uma vocação interminável, humanamente falando. Podemos encontrar relances do ágape, mas só seremos plenos nele quando Deus for tudo em todos. Até lá...

Bem, até lá, só sei de uma coisa: eu preciso tentar viver esse negócio como sendo o sentido maior de minha existência, como se o ar que eu preciso para respirar me faltasse caso eu... não tivesse amor! Embora ele não me falte, é como se faltasse. Por exemplo: eu não perco meu emprego porque eu não amo, mas é como se perdesse; meu casamento não necessariamente termina se não tiver amor, mas, assim sendo, na prática ele já terminou há muito tempo; minha conta bancária não terá maiores nem menores dividendos porque eu amo, mas existencialmente, sem amor, me sentirei como o mais pobre entre os homens; eu posso falar de amor sem ter amor; posso saber muito sobre Deus, sem tê-lo ao menos experimentado em amor algum dia. E o que eu tenho? O que me resta? Sem amor, nada, só o vazio!

Sei lá, parece que Paulo estava muito certo quando escreveu 1Coríntios 13, você não acha? Quer dizer, essa parada de amar é séria. Amar ou não amar parece não ser uma questão, assim como viver ou não fora d’água não é uma questão para o peixe. Quando nos conscientizamos mesmo disso – e talvez levemos muito tempo ou pouco tempo, tenhamos de apanhar muito ou pouco da vida, pra aprender isso – então, falar de amor se torna algo “fora de moda”; afinal, não é preciso falar muito quando se vive, concorda?

Como observou Zygmunt Bauman: “O amor não se reconhece nas palavras”. Ou ainda, como assertivamente disse Jonathan Rutherford: “O amor oscila na beira do desconhecido além do qual fica quase impossível falar. Ele nos leva para além das palavras. Quando pressionados a falar sobre o amor, procuramos atrapalhadamente pelas palavras, mas as palavras curvam-se, dobram-se, desaparecem”.

É meio que um incômodo esse negócio, e não poderia ser diferente: falar de amor é muito estranho! Até porque, eu não sei se conseguirei colocar isso em prática tanto quanto agora me sinto constrangido e motivado a falar a respeito. Mas acho que aí está a graça da coisa, não? Não saber nos tira do controle, uma vez que o amor não tem nada a ver com controle, tem a ver com vulnerabilidade e incerteza. Amar, diria Bauman, significa estar e permanecer num estado de permanente incerteza. Então, é bom falar de vez em quando. Só que melhor, bem melhor, é viver...


Jonathan

Conhecendo Deus

Abraham Lincoln afirmou: “Eu entendo que um homem possa olhar para baixo, para a terra, e ser um ateu; mas não posso conceber que ele olhe para os céus e diga que não existe Deus”. Não basta admitir a existência de Deus. Precisamos conhecê-lo, pois “o fim de todo o saber é conhecer a Deus, e, além desse conhecimento, amá-lo e imitá-lo”. Karl Barth afirmou: “É natural que o conhecimento que o homem pode ter de Deus seja limitado, porque, sendo Deus infinito, não pode enquadrar-se nos limites da mente humana, finita”. Todavia, a fim de ajudá-lo a conhecê-lo, deixe-me destacar alguns aspectos de Deus:

O primeiro aspecto de Deus é sensibilidade! Deus se apresenta na Bíblia como uma mãe sensível às necessidades do seu filho. Em Isaias 66.13 Deus afirma: ”Como a alguém que sua mãe consola, assim eu vos consolarei...”. Deus é tão sensível com seus filhos que Ele os consola como uma mãe faz.

O segundo aspecto de Deus é atenção! Em Isaías 49.15 Deus questiona: "Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!”. Deus é atencioso, não nos esquecendo de nós e de nossas dores e lutas diárias.

O terceiro aspecto de Deus é cuidado! Deus cuida de cada um dos seus servos, como um pastor cuida das suas ovelhas. A Bíblia afirma: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta” (Salmos 23). Se analisarmos este salmo, veremos que Deus é cuidadoso em nos alimentar, dar descanso, prover encorajamento, efetuar correção, dar restauração e preparar vitórias sobre os nossos adversários.

O quarto aspecto de Deus é lealdade! Deus não reparte com mais ninguém o que abrimos com Ele. A Bíblia afirma em Mateus 6.6: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”. Veja, Ele nos ouve no secreto e o que foi dito no secreto fica no secreto. A lealdade de Deus nos satisfaz a cada manhã e enche os nossos dias de felicidade (salmos 90.14).

O quinto aspecto de Deus é justiça! Deus é um juiz justo (Salmos 7.11). Ele não deixará que a injustiça sobre seus servos prevaleça! Ele sempre se levanta na defesa dos seus. Ele prepara um banquete para aqueles que o servem, onde os seus inimigos o podem ver. Ele os recebe como convidados de honra e faz o cálice destes transbordarem (Salmos 23.5).


Que a nossa atitude seja esta: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra''. Oséias 6.3 NVI.

Pastor J. Jacó Vieira

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Caminho seguro




"... guia-me mansamente a águas tranquilas" (Salmos 23:2).

A noite estava escura e tempestuosa. Uma senhora estava em um barco que cruzava o Lago Michigan. Por causa da chuva forte, dos raios e trovões, ela se sentia muito nervosa. Com muito medo, ao ver as muitas pontas de pedras que sobressaiam na superfície do lago, ela perguntou ao capitão: "Você sabe onde estão todas as pedras do lago?" "Não", respondeu o capitão, "eu não sei. Mas eu conheço o caminho seguro".
Enquanto "navegamos" pelos mares da vida, encontramos muitas "pedras". Algumas nós sabemos como evitar e outras, não. Por isso, é possível que sejamos apanhados de surpresa. O importante, portanto, é que saibamos "onde está o caminho seguro".

Muitas vezes julgamos que somos capazes de encontrar, sozinhos, a segurança de que tanto necessitamos. Escolhemos uma direção e seguimos em frente. Não aceitamos a opinião de ninguém e, quase sempre, só percebemos o erro quando não suportamos mais as angústias e aflições.

Outras vezes nos deixamos envolver pelas pedras. Sofremos, murmuramos, questionamos a existência de cada uma delas, maldizemos as lutas e os problemas, mas, não procuramos encontrar o caminho tranquilo e seguro. Reclamamos das pedras e não nos afastamos delas.

Quando tomamos a decisão de "velejar" apenas por caminhos seguros, tudo é diferente. Vivemos em paz e alegria, em júbilo e felicidade. Sabemos onde estamos e para onde estamos indo. Sabemos que as pedras existem, porém, estamos longe delas e elas estão longe de nós.

Jesus conhece o caminho seguro e você só precisa segui-lo.


Paulo Roberto Barbosa. Um cego na Internet!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sem motivos para amar?

Existe amor que dure a vida toda, que a tudo perdoe e não se desanime? Existe amor que se renova todos os dias porque tudo sofre, tudo espera, tudo crê?
Minha ingênua e sincera fé diz que sim, mas muitas vezes [às vezes a maioria das vezes] o meu coração/razão/vontade não encontra tal amor... ou, se ele está lá... se cansa de tentar procurá-lo e fazer reviver um sentimento assim. Não por falta de forças ou de coragem, mas por falta de motivos.

Onde encontrar motivos para amar, então? É possível encontrá-los quando já não queremos ou temos medo de nos machucarmos de novo?

Talvez as perguntas estejam sendo feitas da maneira errada, mas não sem verdade existencial... Todo mundo procura por estes motivos de vez em quando... Eu gostaria que minha resposta fosse tão simples quanto procurar no “Google”, mas eu não tenho boas notícias sobre encontrar motivos para amar, geralmente nunca se acha um bom motivo para se fazer isto. É mais fácil não ter motivo para amar. Recusar-se a amar e trancafiar-se solitariamente dentro de uma torre alta ou mosteiro celibatário talvez seja a solução menos dolorosa.

Não amar evitaria comprometer o amor e a vida de mais algum inocente, quando, por exemplo, duas pessoas se amam e se deixam ser amadas, mas logo no início de suas caminhadas descobrem que é perigoso demais abrir o coração não só ao amor, mas às frustrações e confrontos que a vida a dois sempre causa. Ou, quem sabe, depois de muitos anos de caminhada juntos, descobrem que o motivo para se amar acabou faz tempo ou nunca, de fato, existiu. Donzelas amáveis e príncipes heróis encantados, cavalos brancos e o salvamento da princesa da torre são divertidos e empolgantes nas primeiras vezes, mas se torna enfadonho ter que se trancar na torre de novo para se proteger de uma dor ou de escalá-la perigosamente a fim de encontrar aventuras e motivações para amar todos os dias.

Não amar certamente anularia as dores e desilusões destes momentos, mas não é a decisão mais completa a ser tomada. Particularmente não creio que exista gente que foi feita para não amar; e também não creio em amor que vai e vem, que sobe e desce. Acredito no amor que fica, mesmo amassado, ferido, sozinho e nos faz ter esperança de ver hoje, no nosso agora dolorido, um horizonte amanhã, doce e ensolarado, talvez distante, mas alcançável de dias melhores, mais fáceis para se amar. Dificilmente encontra-se um bom motivo para amar persistentemente, mas quem disse que o verdadeiro amor precisa de motivos para ser amor?

O que me faz amar com vontade de amar não é o motivo, mas a consciência da existência inequívoca deste amor que está aqui dentro sem saber como. Não sei explicar, muito provavelmente ninguém conseguirá explicar, porque o amor é assim, mais forte que a morte, dolorosamente persistente, irrevogavelmente amante, paciente e benigno mesmo sem motivos. Já tentei entendê-lo, mas eu sei que só posso sentí-lo.
O bom e verdadeiro amor não precisa saber dos motivos, jamais os procura ou avalia se é possível ou não amar, só sabe que sente amor e pronto. Vai lá de peito e vida abertos. Ele lança fora todo o medo, ainda que se tenha de matar um leão por dia e a gente vá deitar cansado todas as noites.

O amor sobrevive mesmo é de mãos dadas com a fé e a esperança. O abraço dado, o beijo paciente, a presença carinhosa certamente são expressões do amor, são veículos para nos sinalizar que ele existe e nos dar novo ânimo, mas quando não os encontramos não significa que não podemos amar ou que nos faltam motivos. Dificilmente entenderemos ou reconheceremos o verdadeiro amor somente nos atos e gestos físicos. O amor manifesta-se em dom/dádiva, no que é dado sem buscar interesses próprios, nem mesmo os interesses de atender às nossas carências afetivas são válidos para buscar amar. O amor manifesta-se sem motivo aparente, até sem condições, vem como um rolo compressor ou uma simples brisa, mas vem.
É possível negligenciar o amor, fazer de conta que não existe ou abafá-lo. É possível ficar tão duro ao amor que, mesmo ele existindo, não se queria mais senti-lo. O medo da dor pode causar tudo isso, mas podemos escolher viver por medo e não deixar o amor em paz ou por fé e esperança e fazê-lo brilhar como um sol.

Amar é a capacidade de doar-se sem querer nada em troca, talvez por isso o Senhor tenha dito que, no final dos tempos, o amor se esfriaria de quase todos. Uma sociedade que luta por poder e prestígio, que compra todas as coisas, admiração e domínio, que concorre traiçoeiramente pelos melhores lugares e pisa em cima de qualquer ameaça não entende nem aceita dar sem querer qualquer coisa como pagamento. Pessoas que se amam, mas se interessam mais por disputar quem ama mais do que simplesmente amar, gente que não sabe amar só por amar corre o sério risco de ver esfriar a sensibilidade ao amor.

Logo, não existe pagamento para quem ama de verdade. E quem assim ama, não aceita tais trocas e barganhas. Continua dando, amando, crendo e alimentando a esperança não do fim, mas do recomeço pleno e movido pela alegria de simplesmente amar todos os dias, tudo sofrendo, tudo crendo e tudo esperando, até mesmo o ressurgir da sensibilidade de amar.

O Deus que assim ama te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!


Pablo Massolar