terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Fé é também obedecer!!!


Hebreus é um dos livros mais fascinantes de toda a Bíblia e nos conduz a crer que a missão da Igreja está fundamentada em Cristo. Este livro fortemente cristocêntrico apresenta Jesus logo no primeiro capítulo como O resplendor da glória, Herdeiro de todas as coisas, Sustentador do universo, Purificador de pecados, Majestoso e Superior aos anjos.

Inicia com dois versos que falam que Deus havia outrora falado e que hoje o faz através do seu Filho, Jesus Cristo, expondo que a fé cristã não é apenas um aglomerado de informações históricas mas é para hoje, nossos dias, nosso tempo.

Um dos principais temas deste livro é a fé. Enquanto a fé crê no invisível a superstição crê no inexistente. No capítulo 11 encontramos a galeria dos heróis da fé, aqueles que traduziram o conhecimento de Deus para a vida com Deus.

Se estamos sem direção nos lembramos de Abraão que saiu sem saber para onde ir, mas na dependência de Deus seguiu para a terra prometida. Se estamos no fim da vida nos lembramos de Jacó, que terminou seus dias prostrado em seu cajado, adorando ao Senhor. Se temos grande responsabilidade sobre nós lembramos de Moisés conduzindo uma nação inteira durante 40 anos de peregrinação por um deserto. Se somos discriminados lembramos de Raabe que era uma prostituta mas foi escolhida por Deus para ser da linhagem de Davi. A fé é transformadora e consoladora, fundamentada em um Deus que controla o incontrolável.

Hebreus afirma que eles creram, portanto, obedeceram. Assim nos apresenta uma fé não utilitária, fundamentada nos desejos humanos, mas sim obediente, fundamentada nos desejos de Deus. Não é manipulada pelo homem mas sim um instrumento para que o homem seja usado por Deus. Desta forma Hebreus nos fala que pela fé ruíram as muralhas de Jericó, subjugaram reinos, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos. Esta fé nos ensina que o impossível pode, a qualquer momento, acontecer, se o Senhor assim desejar.

Há, porém, o outro lado das ações fundamentadas na fé, pois Hebreus nos diz que estes que creram, possuidores de fé,foram torturados, passaram pela prova de açoites, foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada, andaram peregrinos. É a fé que nos prepara para continuar crendo mesmo no vale da sombra da morte. Uma fé que não apenas produz resultados mas prepara o cristão para passar pelo vale do sofrimento sem deixar de crer.

Hebreus nos diz também que somos estrangeiros e peregrinos. Refere-se àqueles que estão de passagem pela terra e nos lembra que não é aqui que devemos guardar nossos mais preciosos investimentos, que os bens desta terra são transitórios, que a eternidade nos aguarda. Ajuntemos tesouros nos céus.

Fé e fidelidade não são apenas termos etimologicamente próximos. Seus conceitos na Palavra caminham de mãos dadas. Devemos, portanto, crer para a fidelidade e não apenas para nosso contentamento. Abraão, que creu, saiu de sua terra sem saber para onde ir . Obedeceu. Uma igreja que crê é uma igreja que sai para mostrar Jesus ao mundo, que nega a si mesma, seus interesses e tesouros transitórios para investir na eternidade, que não deseja ser honrada na terra mas sim ser sal da terra. Crer é confiar, mas não apenas isto. É também permanecer no caminho e obedecer.


Ronaldo Lidório


Quando a vida vira pura vaidade!!


Uma das questões do livro de Eclesiastes é: quando não estimamos a vida de modo devido, ela vira pura vaidade! “A criação”, disse Paulo, “está sujeita à vaidade” (Rm 8.20). “Estar sujeito” é igual a estar cativo, submisso, obediente a uma lei contra a qual não se pode lutar (no sentido de extinguir). Como diria o ditado, tirado de Eclesiastes: “Pau que nasce torto nunca se endireita” (Ec 1.15). Isto é, não há quem, bom ou mau, justo ou injusto, em maior ou menor escala, não esteja sujeito à vaidade.

Debruçamo-nos em experimentar a vida. Salomão se debruçou na experiência tanto de saber, quanto de sentir. Foi o maioral em Jerusalém em sabedoria, riqueza e experiências (Ec 1.18; 2.9; 1Rs 10.23); desejou a sabedoria desde o princípio (1Rs 3.9); aplicou-se em conhecer e saber, e uma das conclusões a que chegou foi: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” e é “correr atrás do vento”. A expressão “tudo é vaidade” aqui pode significar algumas coisas: o que é efêmero, transitório, fútil, enigmático, sem sentido.

E uma razão para esse “desespero”, mesmo em relação à sabedoria, foi dada: quem pensa sofre! “Pois quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto” (Ec 1.18). O filósofo Miguel de Unamuno parece se alinhar com essa perspectiva, ao afirmar: “A consciência é uma doença”. A benção da consciência é poder saber em que solo está pisando; a maldição é a incapacidade de mudar de solo apenas pelo “poder de saber”. Eis o paradoxo da sabedoria: o saber é superior à ignorância; mas quem sabe, além de sofrer mais, ainda é nivelado por baixo, pelas contingências da vida, com quem não está nem aí para o saber.

Então ele resolve mergulhar na futilidade: “Vamos lá, experimentar o prazer que a vida tem oferecer (Ec 2.1). Se a sabedoria não me possibilita estar no controle, me deixo ser levado. Ed René Kivitz lembrou bem da música do Cazuza, em seu O livro mais mal-humorado da Bíblia: “Vida louca vida, vida breve, já que eu não posso te levar quero que você me leve”. Assim ele se entrega a si mesmo: “Nunca disse não a mim mesmo; não me privei de nenhum impulso; disse sim ao prazer desenfreado” (2.10).

Um projeto egoísta e auto-suficiente se evidencia nas expressões “resolvi”, “decidi”, “juntei”, “lancei-me”, “comprei”, “engrandeci-me”, ao longo do relato do pregador. Ou seja, lançou-se no projeto da serpente... Até se deparar com o paradoxo do hedonismo: quanto maior a entrega ao prazer puro e simples, instantâneo, menos satisfação real e menor sentido há de se ter.

E diante dos dois paradoxos, ele dirá: eu “aborreço”, “desprezo”, “odeio” a vida (2.17). E quem não diria, diante da percepção de que ela não entrega exatamente aquilo que promete? Como o cristão pode viver no labirinto? Como pode enfrentar os paradoxos e a vaidade da vida? Primeiro, aprendendo a aceitar a nossa falta de controle sobre a vida. É mais honesto dizer “Eu não sei”. Segundo, aprendendo a valorizar o momento. Cada momento da vida pode ser único, cada experiência, singular. Terceiro, aprendendo que o prazer é bom, mas não ilimitado. Se passar do ponto, deixa de ser prazer e passa a ser dor, vaidade. Quarto, aprendendo que a felicidade não existe fora de Deus. “Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas”.

Essas contribuições, todas, estão em Eclesiastes. E soa tão inacabadas, quanto esse mesmo livro. E aí está a graça, daí o seu fascínio tremendo: deixar com que as perguntas falem tão alto que as respostas não possam ser simplistas, ou simplesmente não apareçam de cara, pois assim é a nossa vida debaixo do sol, não?

Jonathan

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Revolução do Servir!!!


Amados!

Estou lendo um livro bem interessante, lá pelo capítulo 3, lendo a respeito do servir achei muito boa a fala do autor que diz:

"Sua identidade como servo de Jesus ganha importância ainda maior quando você considera as alternativas: Como Bob Dylan cantou, "você vai ter que servir alguém".

Não há campo neutro. O significado de sua vida poderia ser definido por servir sua família (ou não), servir seu partido político (ou não), servir sua corporação, servir uma economia, servir um "ismo" (racismo, chauvinismo, feminismo, marxismo, conservadorismo, liberalismo, cientificismo, nacionalismo, etc.), até mesmo servir uma igreja ou outra organização religiosa.

E então há a opção sempre popular de servir a si mesmo.

Involuntariamente, por meio dessas servidões, podemos na verdade estar servindo às trevas, como Jesus e muitos autores bíblicos nos dizem.

Por outro lado, sua vida poderia estar centrada em servir Jesus Cristo - o que não substituiria ou erradicaria, mas transformaria e enriqueceria o modo como você serve qualquer outro grupo ou causa legítimas.

Jesus definiu sua própria identidade, como de alguém que não veio para ser servido, mas para dar a sua vida em serviço, e, desse modo, reconhecer Jesus como mestre significa voluntáriamente "Tomar seu Julgo" e aprender dele como servir a Deus, ao próximo, ao inimigo, e ao mundo inteiro.


Confessar Jesus como Senhor significa aderir à sua Revolução de amor e viver desse modo revolucionário."


Uma ortodoxia Generosa, Brian Maclaren, p.95e96.

Dúvida - por Henri Nouwen


Antes de bebermos do cálice, devemos segurá-lo [...]

Segurar o cálice da vida significa olhar, de modo crítico, a vida que estamos vivendo. Isso exige grande coragem. Quando olhamos para nós mesmos, podemos nos sentir atemorizados com o que vemos. Podem surgir perguntas para as quais não temos respostas. Podem aparecer dúvidas sobre o que estávamos certos de conhecer. Pode brotar o medo de lugares inesperados.

Somos tentados a dizer: “Importa simplesmente viver. Todas as explicações só tornam as coisas mais difíceis”. Todavia, por intuição, sabemos que, se não olharmos a vida de modo crítico, perderemos nossa visão e nossa direção. Quando bebermos do cálice sem primeiro segurá-lo, podemos simplesmente nos embriagar e ser levados a vagar por aí sem rumo.

Segurar o cálice da vida é uma difícil disciplina. Somos pessoas sedentas que desejam começar a beber imediatamente. Contudo, precisamos conter nosso impulso, tomar o cálice com as duas mãos e perguntar para nós mesmos: “O que me á dado para beber? Qual é o meu cálice? É prudente bebê-lo? É realmente este o meu quinhão? Isso me trará saúde”.

Sempre acreditei que um dos principais objetivos do ministério consiste em colocar ao alcance dos outros as nossas lutas de fé, tornar compreensível para os outros as nossas dúvidas, e confessar, com sinceridade, “eu também não sei as respostas. Sou um simples catalisador; sou apenas alguém que quer expressar o que você já sabe, mas que poderá aprender melhor se for traduzido por palavras”.


Henri Nouwen(Extraído de: BITUN, Ricardo. Henri Nouwen de A a Z. São Paulo: Vida Acadêmica, p. 174).