quinta-feira, 28 de maio de 2009

Nunca me deixou

Qual é o Propósito da Vida?

Convidado pelo presidente Barack Obama para fazer a oração de inauguração de sua posse da presidência dos EUA.
Sobre a esposa dele estar sofrendo de câncer e a fortuna que a venda de seu livro lhe trouxe, em entrevista com Paul Bradshaw, Rick Warren disse o seguinte:
"As pessoas me perguntam: Qual é o propósito da vida?"


E eu respondo:" Em resumo, a vida é uma preparação para a eternidade. Nós não fomos criados para durar para sempre, e Deus nos quer junto Dele, no Céu. Um dia meu coração vai parar, e então será o fim do meu corpo – mas não será o meu fim. Eu posso viver 60 ou 100 anos na terra, mas eu vou passar trilhões de anos na eternidade. Aqui e agora é o aquecimento – o ensaio final da peça. Deus quer que nós pratiquemos na terra o que vamos fazer para sempre na eternidade..
Nós fomos criados por Deus e para Deus, e enquanto você não se der por conta disso, a vida não fará sentido. A vida é uma série de problemas: Ou você está vivendo um agora, ou está saindo de um ou você está se preparando para enfrentar outro. A razão disso é porque Deus está mais interessado no seu caráter do que no seu conforto; Deus está mais interessado em santificar a sua vida do que Ele está de fazer dela uma vida feliz. Nós podemos ser razoavelmente felizes aqui na terra, mas este não é o propósito da vida. O objetivo é crescermos em caráter, à semelhança de Cristo.
Este ano que passou foi o melhor ano de minha vida mas também foi o mais duro, com minha esposa Kay adoecendo de câncer.


Eu costumava achar que a vida era feita de montanhas e vales – a gente passa por períodos escuros (vales) e depois sobe até o alto da montanha, vai e volta, sobe e desce. Mas já não creio que seja assim. Ao invés da vida ser montanhas e vales, eu creio que ela é como dois trilhos em uma estrada de ferro, e o tempo todo temos alguma coisa boa e alguma coisa ruim acontecendo na nossa vida.
Não importa o quanto as coisas na sua vida sejam boas, tem sempre alguma coisa ruim que precisa ser trabalhada. E não importa o quão ruim sejam as coisas na sua vida, tem sempre alguma coisa boa pela qual você pode agradecer a Deus.


Você pode focar nos seus propósitos ou pode focar nos seus problemas:
Se você focar nos seus problemas, você entra em estado de egocentrismo, que é ‘os meus problemas’, "o meu sofrimento’, a minha infelicidade". Mas uma das formas mais fáceis de livrar-se da dor é desviar a atenção de você mesmo e focar em Deus e nos outros.
Nós descobrimos bem rapidamente que apesar das orações de centenas de milhares de pessoas, Deus não iria curar a Kay ou facilitar as coisas pra ela – tem sido muito difícil pra ela , entretando Deus tem fortalecido seu caráter, tem dado a ela um ministério de ajuda a outras pessoas, tem lhe dado um testemunho, e vem atraindo-a mais pra perto d’Ele e dos outros.


Você tem que aprender a lidar tanto com o que é bom quanto com o que é ruim na vida. Na verdade, às vezes é mais duro lidar com o que é bom. Por exemplo, neste ano que passou, de repente, quando o livro vendeu 15 milhões de cópias ele fez de mim um homem muito rico. Também trouxe muita notoriedade com a qual eu nunca tive que lidar antes. Eu não creio que Deus nos dá dinheiro ou notoriedade para alimentar nosso ego ou para que tenhamos uma vida de facilidades. Então eu comecei a perguntar a Deus o que Ele queria que eu fizesse com todo esse dinheiro, notoriedade e influência. Ele me deu duas passagens diferentes que me ajudaram a decidir o que fazer: 2 Corintios v 9, e Salmo 72.


Primeiro, apesar de todo o dinheiro vindo às minhas mãos, nós não mudamos nosso estilo de vida. Não fizemos nenhuma compra significante. Segundo, lá pela metade do ano passado parei de receber salário da igreja. Terceiro, nós estabelecemos fundações para financiar uma iniciativa que chamamos O Plano da Paz para plantar igrejas, equipar líderes, dar assistência aos pobres, cuidar dos doentes e educar a próxima geração. Quarto, eu somei tudo que a igreja tinha me pago durante os 24 anos desde que eu comecei, e devolvi tudo. Foi muito liberador poder servir a Deus gratuitamente.


Temos que nos perguntar: Viverei para possuir coisas? Popularidade? Vou ser levado (empurrado) pelas presssões? Pela culpa? Pela amargura? Pelo materialismo? Ou vou ser conduzido pelos propósitos de Deus (para minha vida) ?
Quando eu me levanto pela manhã, eu me sento na beira da minha cama e digo, Deus, se eu não conseguir realizar nada mais hoje, eu quero Te conhecer melhor e Te amar mais. Deus não me colocou na terra apenas pra que eu preencha uma lista de tarefas e afazeres. Ele está mais interessado em quem eu sou do que no que eu faço.


Rick Warren – Autor de Uma Vida Com Propósito e pastor da Saddleback Church, na California.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

Inunda-me


Inunda-me com Tua presença Senhor,
Transborda-me com Teu resplendor,
Faça de mim um rio de águas correntes,
Que cause enchentes de amor.

Faça-me voar com asas como águia,
Para em Teus braços me lançar,
Leva-me às alturas para sentí-Lo bem perto,
Pois, em Tua presença sempre quero estar.

Enche-me de tal forma
Que em mim, se ache só a Ti.
Preenche-me por completo
Para que minha vida se torne um reflexo Teu.

Usa-me por completo! Retira de mim o que não te agrada, E faz em mim, de forma real e verdadeira, A Tua completa vontade.


Junior Della Mea juniordm@gmail.com
Veja mais poesias e sugestões para edificação em:
www.viverepensar.wordpress.com


sexta-feira, 8 de maio de 2009



Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl. 5:2)

A corrida da fé é também uma corrida em busca da liberdade, mesmo quando não se sabe ao certo a qual liberdade está-se reportando. Liberdade do pecado, dos medos, das pulsões da “carne”, das angústias da alma, da culpabilidade. Sim, foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Afinal, ninguém pode dizer que é feliz estando na condição de escravo, a não ser que seja masoquista. Paulo, porém, quer mostrar um tipo de liberdade muito mais globalizante: a liberdade de consciência. Não há cárcere mais aprisionador que nossa própria consciência. Viver mentalmente encarcerado, ou com a consciência “pesada”, é estar alijado (separado) do processo de libertação, é decair da Graça, conforme Paulo. O apóstolo perseguido, humilhado, difamado: não estaria ele pregando a libertinagem e levando o povo à viver uma vida dissoluta? Não seria a circuncisão uma solução mais sedutora que a própria liberdade pela Graça?

Quantas acusações infundadas, dúvidas geradas, erros cometidos por causa desta difamação da Graça, por aqueles que, muito antes, haviam sido instruídos a viverem conforme a mesma. Equívocos históricos ainda correntes entre nós, cristãos, que, por enquanto, apenas ensaiamos vivenciar a liberdade para qual Cristo nos libertou. Ainda hoje pode-se ouvir vozes dissonantes em relação a Paulo, ressonâncias judaizantes, pregando um “outro evangelho”, acrescentando artifícios à fé, cedendo à tentação da autojustificação: “Livres sois, pois, mediante a lei, por esforço pessoal, e isto provém de vós, para vossa própria salvação”. Não seria este o “evangelho” que ainda se tem pregado?

Na verdade, em tantos casos, não se prega mais a Palavra, mas julga-se “tomar posse” da palavra em si, a tal ponto de poder mudá-la “um pouquinho”, como uma síndrome judaizante. É por isso que a Graça fere tanto, e é por isso que é tão escandalosa, apesar de ser a mais essencial das pregações. Posto que, ao mesmo tempo em que ela livra das prisões e cadeias do ser, ainda torna nulas as tentativas de se viver uma fé “capenga”, que, por um lado, incita a uma “liberdade” combinada com individualismo, confundida com licenciosidade, e, por outro lado, produz o que chamo de responsabilidade excessiva, do legalismo e do mérito pessoal.

A liberdade de consciência, para a qual Cristo nos libertou, só pode ser vivida em amor, assim como o peixe só encontra liberdade dentro d’água, usando a analogia de John Stott. Essa liberdade não anula a responsabilidade, nem tampouco a Graça, visto ser ela mesma (a liberdade) fruto da Graça, ou seja, resultante deste “favor imerecido” que Cristo, em forma de servo sofredor e obediente, conquistou pra nós na Cruz.
Jonathan Menezes

Isso que é Vocal!!!! Ameiiiiii.....

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Reflita!!!!



"Aqueles que tentam evitar todo risco, os que tentam garantir que seu coração não seja quebrado, terminam num inferno criado por eles mesmos".


Henri J. M. Nouwen:

Pobres ateus!!!

Disseram-me que o ateísmo está crescendo.

Fiquei a pensar... Quem quer o mundo oco e solitário dos ateus?

Não eu!

Eu quero o mundo povoado dos cristãos, dos judeus, dos muçulmanos, dos animistas...

Quero um mundo onde a gente não esteja só.

Um mundo com anjos de pé e caídos.

De entidades, de elfos, de mística, de mágica, de mistérios...

Quero o mundo onde os tambores invoquem.

Onde a multidão de línguas estranhas dos pentecostais façam os seres da escuridão retroceder.

Quero o mundo que produziu Beethoven que, surdo, dizia ouvir a música que Deus queria escutar, a quem aplaudiu na nona.

Que produziu Shakespeare, que disse que havia mais entre o céu e a terra, do que supõe a nossa vã filosofia, e que valia morrer por amor.

Que desafiou Mozart a zombar de Deus enquanto, qual o profeta Balaão, só conseguia emitir os sons que boca de Deus entoa!

Quero o encanto catártico de Haendell gritando ALELUIA! de forma arrebatadora!

A beleza de Bach nos fazendo ver a paz da Família Eterna.

Quero mundo das lindas e majestosas catedrais e dos pregadores das praças, das esquinas, dos caminhos...

Da riqueza sonora profunda dos cantos gregorianos e dos vociferantes pregadores: convocando os homens a mudar e o Espírito Santo a se levantar contra o mal.

Quero o mundo que faça um ser humano, diante a pior das borrascas, ver o seu salvador andando sobre o mar, anunciando a possibilidade.

Aquele em que o guerreiro, diante da incerteza, se ajoelha perante o Eterno e se levanta com um brilho nos olhos, certo de que tem uma missão, um motivo para brandir a espada, porque se há de correr o sangue humano, tem de haver uma razão, que dando significado a vida o faça não temer a morte.

Um mundo de poetas e romancistas, que fazem a morte gerar vida, que contam histórias porque, em meio ao mais insano, há algo para contar, e se há o que contar, então significa; e se há como contar, então há um significante anterior, de modo que, por mais que cada leitor possa, de alguma maneira, reinventar, ninguém consegue negar que leu e, se leu, podia ser lido.

Quero a fé que faz uma menina entrar numa das melhores faculdades do pais, sonhando que, um dia, tudo o que sabe ajudará um ser desprovido de tudo, num dos miseráveis cantões do planeta, a sorrir com esperança!

Quero a loucura dos missionários que abandonam tudo no presente, certos de que levarão milhares a viver o futuro.

Quem quer o socialismo frio do ateus?

Eu quero o socialismo dos crentes que, em meio à marcha dos trabalhadores e, diante do impasse do confronto com as forças do estabelecido, grita ao megafone: companheiros, avancemos! Deus está do nosso lado!

Da ciência não quero as equações, quero o grito de "Eureka!", onde o cálculo se mistura com a revelação.

Da matemática quero a música, a certeza de que há sons no universo, que não só os podemos cantar, mas que há quem nos ouve.

Que ouviremos a grande e última trombeta, que reunirá toda a criação para o canto da redenção.

Eu não quero capitalismo nenhum, mas prefiro o dos seres humanos que acreditavam que o trabalho é um culto ao Criador e que o seu produto tinha de gerar um mercado a serviço do bem.

Quem quer o capitalismo consumista dos ateus, que reduz a vida ao aqui e agora, e transforma todos em desesperados que, pensando que não sobrará para eles, correm para acumular para o nada?

Os ateus dizem que evoluímos, mas que não vamos para lugar nenhum; que a ciência pode tudo; que verdade é a palavra dos vencedores; que os mais fortes sobreviverão, e que é o direito natural deles.

Não! Mil vezes não!

Quero o mundo onde os fracos tenham direito ao Reino; onde os mansos herdarão a terra; onde os que choram serão consolados; onde os que têm fome e sede de justiça serão fartos; onde os que crêem na justiça estejam prontos a morrer por ela; onde os mortos ressuscitarão.

Quem quer um mundo explicado, onde tudo é virtude ou falha de um neuro-transmissor qualquer?

Quero um mundo onde a fé , o amor e a paixão curem, mudem histórias e construam caminhos! Onde os artistas tenham o que registrar!

Um mundo onde o sol nasça e se ponha, onde as estrelas, polvilhando o infinito, apontem um caminho, falem da esperança de uma grande e decisiva família, e que qualquer ser humano ao ver isso, não se envergonhe de falar: maravilha! Um Deus fez isto!

Mas não quero a teologia técnica...

Quero o Deus apaixonado dos cristãos, que abandona sua Glória e se faz gente, trazendo a divindade para a humanidade e, ressuscitado, ao voltar, leva a humanidade para a divindade!

Quero o Deus inquieto de Israel, o pai dos judeus, com quem é possível lutar.

Quero do Deus que se permite ser detido por um Jacó.

Quero o Deus chorão de Jesus de Nazaré, que mesmo a gente tendo brigado com Ele, nunca conseguiu brigar conosco.

O Deus Pai, Mãe e Filho que repartiu conosco o privilégio de ser!

Quero o mundo do medo do desconhecido, e do maravilhar-se com o desconhecido: o mundo do encanto.

Como disse o pai da filosofia moderna, o que se descobre ser ao pensar, precisa de um mundo para aterrissar, precisa que haja alguém que faça pensar valer a pena, alguém que, ao fim, é da onde se pensa, e se ele não existe, então nada existe, porque o que pensa não tem como pensar a partir de si.

Quero o mundo que ri da finitude; que desdenha das limitações; que resiste ao sofrimento; que olha para o infinito sabendo que nossa existência não é determinada pela morte ou por nossas impossibilidades; que não somos frutos de um acidente.

Quero mundo que se sustenta na fé de que ressuscitaremos, de que brilharemos como o sol ao meio dia; de que vale a pena lutar pelo bem; de que vale a pena existir!


Ariovaldo Ramos

Teologia: diversão e aprendizado



Quero iniciar com uma afirmação nada original: a vida é um eterno aprendizado. Infelizes são aqueles que no meio do caminho perdem a capacidade de, parafraseando o saudoso Gonzaguinha, "cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz". Logo, se a teologia versa sobre a vida, ela é, de igual modo, um conhecimento em mutação, uma ciência modesta e disciplinada de eternos aprendizes que não se entregam facilmente ao sabor das respostas prontas, nem de palavras decoradas, tampouco se deixam orientar pelo que dizem as estatísticas, e muito menos se conformam com um "ministério de banalidades", que não problematiza, não pensa, não sente, não se inconforma ou se indigna, e por isso torna-se ineficaz e incapaz de proferir palavras ou realizar ações de cunho profético.


Não! A teologia é a matéria-prima dos inconformados! Dos que não aceitam pacotes, nem tampouco produzem pacotes. E por essa vocação, creio que quando temos uma teologia presa e gerida apenas pelos dogmas e doutrinas não temos teologia, temos arbitrariedade. Arbitrariedade acerca do que é, de verdades imutáveis, indeléveis, de absolutos que nada têm a ver com Deus e que muitas vezes negam o valor da vida que Deus tanto preza, e também do que jamais pode ser, dentro do que estão incluídas a subversão, a heresia e a transgressão, assim categorizadas, muitas vezes, pelo simples fato de questionarem a ordem estabelecida. Teólogos, na melhor acepção da palavra, não se rendem a tais categorizações, tantas vezes simplistas e unilaterais.Por não se render a arbitrariedades e por não negligenciar o seu papel, que é falar de Deus, ela não julgará esse papel (falar de Deus) como um papel estritamente dela (como se pelo simples manuseio de métodos científicos ela pudesse chegar a ele), mas de todo ser humano.

Nesse sentido, todo ser humano pode ser um teólogo, à medida que pensa, pulsa, sente e crê em Deus agindo na criação e na existência. Dessa forma, eu melhoraria um pouco a afirmação de que "teologia nada mais é do que o estudo de Deus". Isso, pois Deus, como um ser eterno, não pode ser estudado. "O Deus do evangelho", diria Karl Barth, "não é, portanto, nem coisa, objeto, nem idéia, princípio, verdade ou soma de verdades, nem expoente pessoal de tal soma" (Introdução à teologia evangélica, p. 12).

Podemos, sim, falar de nossa experiência de Deus, isto é, de Deus como um ser pessoal e relacional. E, exatamente por desejar o relacionamento, escolheu se revelar. Assim, diriam alguns teólogos, teologia é o estudo de Deus em sua revelação. Revelação que desce, palavra que se diviniza, divino que se verbaliza, e verbo que se humaniza. Deus se fez ser humano! Essa é uma das grandes afirmações de fé das quais a teologia deve se valer. E esse Deus, assim, age na história, como temos estudado até aqui. De tal modo que o "objeto" da teologia, por assim dizer, está em movimento, e ela também precisa estar. O assunto da teologia evangélica, citando outra vez Barth, é Deus – Deus na história de suas ações. Não por aquilo que somos, façamos ou nossas capacidades, mas por aquilo que ele é e nos concedeu. Assim, a teologia é uma resposta inteligente e reverente ao gracioso “sim” de Deus, isto é, à sua “auto-revelação benigna e amiga para com o ser humano” (Introdução à teologia evangélica, p. 13).

Sim, é uma tarefa sem fim, permanente, renovável, criativa e que só germina em liberdade, na liberdade do Espírito. Logo, toda teologia autêntica é uma teologia espiritual, parafraseando Gustavo Gutierrez. Já disse antes, mas não custa reiterar: para mim, o lugar vivencial por excelência da teologia é a vida, assim como orar é viver e como Deus é sinônimo de Vida e Liberdade plenas. Só se pode conhecer a Deus à medida que se celebra intensamente o viver, o viver junto com outros, imersos na realidade. A teologia que se vale da experiência de Jesus (o Deus Encarnado) está totalmente ancorada em, e em permanente relação com, a realidade que nos cerca, tantas vezes dura e cruel. Segundo Eugene Peterson, “Deus não se revela à realidade para que a contemplemos como meros espectadores, mas para que possamos nela ingressar e viver”.

Continuemos debatendo e fazendo teologia com diversão e aprendizado...

Jonathan Meneses
Professor ISBL - Londrina

O fundamentalista é um fanático… e seu fanatismo o torna uma contradição ambulante, em que ele nega, por suas ações, a fé que afirma professar. Isto não significa que o fundamentalista seja um amigo dos paradoxos. Muito pelo contrario, ele os teme, já que, diferentemente do que a maioria dos fundamentalistas imagina, é na razão (no racionalismo filosófico e na razão instrumental pragmática) e não na fé, que o fundamentalista encontra apoio teórico para suas ações.


O fundamentalista é antes de tudo um inquisidor. Ele persegue e destrói para proteger e salvar, e está disposto a ir às últimas conseqüências para isso. Como qualquer inquisidor, o fundamentalista vê a liberdade de pensamento e de expressão como uma ameaça. Ele entende todo questionamento e toda crítica como formas dissimuladas de ataque, o que evidencia sua neurose paranóide.


O fundamentalista tende a conviver somente com os outros fundamentalistas e, por isso mesmo, acaba isolando-se cada vez mais, o que cria um circulo vicioso de obscurantismo, guetoísmo e uniformidade. Para o fundamentalista, o demônio é o “outro”, isto é, o demônio é identificado com toda forma ostensiva de alteridade. Em vez de dialogar com o outro, ele o hostiliza. Em vez de ver no outro um espelho através do qual ele poderia contemplar suas próprias fraquezas para seu próprio bem, o fundamentalista vê no outro (e na alteridade) uma ameaça.


O fundamentalista religioso se vê, em geral, como dono da verdade, detentor de uma revelação que os outros não possuem ou não compreendem. Ele não enxerga suas próprias limitações, sua humanidade, e se vê, portanto, como mais que humano, ou pelo menos como um ser humano mais privilegiado, selecionado por Deus para um conhecimento secreto ou para uma missão sagrada especial. O fundamentalista não percebe que sua alegada verdade é apenas uma possibilidade entre as outras, e que a única forma de avaliá-la e comprová-la seria estabelecer um diálogo com seus semelhantes que pensam diferentemente, para que, no jogo das interpretações, as incoerências se manifestassem e todos crescessem com isso.


(...) O fundamentalismo é um veneno terrível para o cristão e para as igrejas cristãs. Ele tende a matar lenta e imperceptivelmente, porém também inevitavelmente, a fé dos indivíduos das comunidades. O fundamentalismo é um veneno tão ruim ou até pior que o liberalismo teológico que tanto teme e combate. Ao combater o liberalismo teológico, os fundamentalistas acabam por rotular como liberalismo todas as idéias e noções que sejam um pouco diferentes das suas próprias, e acabam por declarar “liberais” todos os que os questionam ou que problematizam as questões que eles querem fazer crer serem absolutamente cristalinas.


(...) Os pastores fundamentalistas entram facilmente em crise ministerial, ou então se tornam pastores corruptos e politiqueiros, ou ainda aderem a uma piedade pervertida em que se vêem como responsáveis por manter as igrejas protegidas das chamadas heresias. Em nome dessa causa, seus sermões tornam-se teológicos, e a palavra de conforto e orientação que deveria vir do púlpito se torna cada vez mais escassa e a congregação fica sofrendo de inanição espiritual o que acaba gerando um círculo vicioso de maus pastoreios e falta de nutrição espiritual gerando igrejas fracas e que já não mais são capazes de reconhecer o mau pastoreio e a má nutrição, e não são capazes de expurgar de si esses males.


Ricardo Quadros Gouvêa


(Trechos de: GOUVÊA, Ricardo Q. A piedade pervertida. Um manifesto anti-fundamentalista. Em nome de uma teologia de transformação. São Paulo: Grapho Editores, 2006, p. 34-36).

Receitinha Despretensiosa


Se quiser viver, não adie. O imponderável se intromete na vida da gente. Como patas de um gato, as unhas do destino se alongam querendo estancar o curso de nossa história. O imprevisto é peçonhento e estraga os projetos mais queridos. Antecipe-se ao imponderável e beije, abrace, converse. O agora é estrela cadente, asteróide nômade. Faça cada instante valer uma eternidade. O já não passa de uma piscadela; o hoje, de fenda entre o ainda não e o que acabou.

Se quiser viver, não tema. Arrique-se. Decidir é vulnerar-se; querer, expor-se; desejar, atirar-se à mercê do outro. Ferida de decepção dói menos que desterro de inação. Todos os amantes carregam cicatrizes. Seus estigmas, mesmo antigos, são visíveis. Atreva-se a caminhar sem blindagem. Arranque o elmo. Jogue fora o escudo. Não se enclausure. Não evite o olhar de quem lhe pede afeto. Seja terno com quem lhe espezinha.

Se quiser viver, não anseie. Sossegue. O possível, nem sempre o melhor, é matéria prima do contentamento. A alma implora por descanso. Reconheça os avisos do corpo quando avisa que as descargas hormonais desequilibram o metabolismo. Dê um passo de cada vez. Espere pelo amanhã. Desista do controle dos circuitos, solte o cabo da nau. Não corra na frente da aragem que antecipa a madrugada. Basta a cada oportunidade o seu próprio mal. Tranquilize-se.

Se quiser viver, não fuja. Enfrente-se. As nódoas da alma podem transformar-se em câncro; as culpas, em fardos; as inadequações, em aleijões existenciais. Transgressão pode deixar de ser um pecado mortal. Aprenda com os seus tropeços. Cresça com as mazelas. Reconceitue humildade como coragem de admitir limites, fragilidades, incapacidades.

Se quiser viver, não escarneça. Ouça. Tradição é a história que os antepassados selecionaram para que amadureçamos. Os enganos de outrora não precisam ser repetidos. Não quebre a cabeça com teoremas já demonstrados. Poupe o coração de injunções aparentemente inéditas que os compêndios trataram exaustivamente. Atente para os provérbios populares. Escute os avós.

Se quiser viver, medite. Mire as conchas que a maré triturou, que pavimentam a praia; o ócio do leão, feliz com a prole bem alimentada; o sol que se fatiga no lusco fusco da tarde. Devagar, procure as entrelinhas da poesia, o imarcescível da narrativa, a dignidade da biografia. Escute, de olhos fechados, os violinos, as gaitas, os trompetes, os pianos, os realejos. O universo pulsa, descubra o seu ritmo.

Soli Deo Gloria

Ricardo Gondim

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Vem chegando mais um Acampamento dos Adolescentes, sendo que este primeiro é direcionado para aqueles envolvidos na igreja, ou seja, que tenha feito Verdades Básicas ou esteja adiantado no curso e principalmente para os que estão no ministério. Tenho certeza que Deus irá nos abençoar, portanto ore e fale com seus pais para fazer a sua inscrição e descobrir o estilo de vida do coração de Deus. Valeu galera, e até o Acampamento dos Adolescentes.

Pr.André França