Texto interessante que nos leva a refletir sobre nossa juventude...e essa juventude também somos nós!!
Não pense que estas estatísticas também não podem alcançar você ou alguem muito próximo a Você!!
Não engane-se!!!
Se a África é o continente financeiramente mais pobre, a América Latina é a região mais desigual do mundo. Não é de se espantar também que seja uma das mais violentas, especialmente quando falamos de Brasil e de juventude.
Segundo o Mapa da Violência 2008, entre 1996 e 2006, os homicídios na população brasileira de 15 a 24 anos de idade passaram de 13.186 para 17.312, representando um aumento de 31,3% em dez anos. O crescimento foi bem superior ao experimentado pelos homicídios na população total, onde o aumento foi de 20% nesse período.
Divulgado em julho deste ano, o Índice de Homicídios na Adolescência,(IHA) reforça este mapeamento e traz uma estimativa preocupante: 33.000 jovens entre 12 e 18 anos assassinados entre 2006 e 2012, se as condições não mudarem. Ainda pelo IHA, que analisou 267 municípios brasileiros com mais de 100.000 habitantes, dentre todas causas mortalidade de adolescentes entre 12 e 18 anos, 45% foi por homicídio, sendo esta a principal, seguida por morte natural (25%)e acidentes (22%). O estudo aponta que o risco de assassinato é ainda maior para a faixa etária de 19 a 24 anos, e decresce a partir daí. Mostra também que a probabilidade de ser vítima de homicídio é quase 12 vezes maior para homens e que o risco de um jovem negro morrer assassinado é 2,6 vezes maior em relação a um branco. A arma de fogo também é elemento precupante. Segundo professor Inácio Cano, membro do laboratório de Análise da Violência da UERJ, “Está na hora de o Brasil mudar suas prioridades”, ao ressaltar o dado do IHA mostrando que a probabilidade de um adolescente brasileiro ser vítima de arma de fogo chega a ser três vezes maior do que a de ser assassinado de outra forma. “A arma de fogo tem que ser sempre foco em qualquer política de prevenção”.
Por outro lado, o Boletim de Políticas Sociais (BPS) nº 15, do Ipea (Instituto Pesquisa Econômica Aplicada), constatou que 59,6% da população carcerária do país é constituída por jovens do sexo masculino entre 18 e 29 anos.
Indicadores como estes mostram que os maiores índices de violência tem cor, classe social, sexo e se concentram em alguns territórios. Comprovam também a urgência de políticas públicas que reconheçam a especificidade juvenil e não apenas ações pontuais ou isoladas, que podem dar “ilusão imediata de melhora”, porém poderão até provocar pioras futuras, se não forem efetuadas dentro de um projeto maior e numa perspectiva inovada. O próprio BPS do Ipea sinaliza: “Seria da maior importância que uma política nacional de prevenção à violência fosse estruturada, incluindo ações de enfrentamento de fatores de risco e a potencialização de fatores de proteção, buscando ampliar a ação do sistema de justiça criminal da simples repressão e punição para o tratamento e reinserção social dos apenados”. Já a pesquisadora da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americada (Ritla), Miriam Abramovay, afirma: “Torna-se fundamental uma nova visão sobre a juventude, que fomente sua inclusão e emacipação e que amplie uma rede de proteção social, com oportunidades de estudo e trabalho, com política de combate às diferentes violências existentes, promovendo espaços de arte, cultura, esporte e lazer”.
Infelizmente, o extermínio dos jovens é uma realidade e não um exagero panfletário. A necessidade de posicionamentos, ações e mobilizações de grupos, movimentos e de toda sociedade civil está posta , pois as proporções da problemática diagosticada e vivenciada no nosso cotidiano não diminuirão se agirmos no plano individual. Essa é uma causa coletiva e carece da luta coletiva, especialmente dos jovens, para alcançar as respostas eficientes do poder público e mudança cultural da sociedade.
Jakeline Lira
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