Há um ditado que afirma que ninguém nasce feito, nem para a vida, nem para a carreira (vocação), ou qualquer outra instância. Também quanto à fé, ninguém nasce feito. A partir do momento em que a recebemos, quando mudamos de rumo, somos caminhantes, aprendizes, sempre inacabados, sempre trilhando sendas diferentes, dispostos às transformações que se encontram na porta adiante.
A vida na fé é cheia de riscos; sem riscos, não há fé em livre exercício. E fé não exercitada é fé morta. Nosso exercício de fé é sempre baseado no exercício de fé de outras pessoas. Nossa fé, assim, é individual, mas é sempre fé em relação com outros. Logo, não é somente a minha fé, mas a fé de Jesus, de Paulo, de João, Pedro, Maria, Madalena, Carlos, Marcos, Antonio, Valéria, e tantos outros nomes cujas “fés” se juntam à minha nessa caminhada no reino do amor de Deus.
Aprender na fé é aprender de modelos. Nas cartas de Paulo, por exemplo, há seis diferentes passagens em que a palavra “imitadores” (no grego, mimetes) aparece, via de regra, expressando o fato de que não estamos sós nesse caminho. Ele diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Em outro momento ele afirma o mesmo e completa: “observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp 3.17).
Numa primeira instância, portanto, todos somos imitadores de Cristo. Tentamos andar como ele andou, nos relacionar com as pessoas conforme o modelo que nele vimos, responder ao clamores do mundo ao nosso redor de acordo como ele respondeu ao seu. O nazareno, que andou pela Galiléia, que era filho e aprendiz de carpinteiro, mas também era Filho de Deus e aquele que deu a sua vida por seus amigos – ele é nosso modelo maior. Imitamo-lo por sua graça, pela força que ele supre.
Numa segunda instância, porém, somos imitadores da fé que os outros têm em Cristo. O conhecimento cognitivo de quem foi Cristo e do que ele fazia não explica, ao todo, a existência de tantas pessoas que continuam crendo conforme a fé do crucificado e ressuscitado. A minha fé engendra-se a partir da fé do meu irmão, de como ele a exerce no dia a dia, como lida com a vida, como ama, e o tipo de ser humano que ele é.
Aprendemos de modelos e aprendemos de Jesus, modelos que nele se espelham, neste que continua vivo, caminhante, entre nós, por meio de mim, de você e de nosso próximo... O exercício de uma fé pessoal saudável é insustentável sem a presença do outro, e sem a vida em comunidade.
Jonathan Menezes
Um comentário:
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beijos
Carol Gontijo
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