UM GRANDE LIDER
(Neemias 1:1-6:3; 12:27-13:31; Salmo 91:9-16)
Introdução
Cumprido o tempo previsto pelo profeta Jeremias para o cativeiro babilônico, o povo começou a regressar à sua terra. O retôrno verificou-se em três grupos, em ocasiões diferentes: o primeiro em 535 a.C., sob o comando de Zorobabel; o segundo em 468 a.C., sob o comando de Esdras; o terceiro, em 445 a.C., sob o comando de Neemias. Êste último foi o grande líder que não se deixou intimidar pelos inimigos e que, cheio de determinação e coragem, realizou a obra da reconstrução dos muros de Jerusalém. Seu exemplo deve-nos encher de coragem em toda e qualquer atividade profissional, especialmente na óbra de Deus.
Neemias e sua missão
A missão específica de Neemias foi a edificação dos muros de Jerusalém que haviam sido derrubados quando das invasões dos babilônios. Neemias vivia em Zuza, e era o copeiro do rei Artaxerxes. Certo dia, tendo recebido informações sôbre o estado desolador de Jerusalém, vítima dos salteadores, por falta de seus muros, abateu-se profundamente. Quando o rei percebeu sua tristeza, indagou-lhe sôbre sua causa, terminando por mandá-lo para Jerusalém, para edificar os muros. Favoreceu-lhe os meios necessários, dando-lhe, inclusive, cartas de recomendação para os governadores da Palestina (2:5-8). A reconstrução dos muros foi um trabalho difícil, uma tarefa árdua, que exigiu de Neemias o máximo de energia, fé, coragem, determinação, paciência e profundo tino administrativo.
A primeira vitória de Neemias
Neemias 5:1-5. Essa primeira vitória foi sôbre uma das táticas de satanás para impedir a realização do trabalho, para impedir a realização da óbra de Deus, que é o escárneo. Dois homens, inimigos de Israel, poderosos em Samaria, zombaram do esfôrço de Neemias. Vendo iniciada a construção, Sambalate irou-se, porque odiava os judeus. Construíra o templo em Gerezim, em Samaria, e nomeara seu genro sumo-sacerdote. Dessa forma, separara o povo de Samaria do de Jerusalém. Era, para êle, um prazer ver os judeus no opróbio. Queria que a cidade continuasse sem defesa, desguarnecida, sujeita a assaltos, roubos, furtos, saques, etc, quem sabe, até de gente dêle mesmo. Um seu amigo, Tobias, associou-se a êle e o tranquilizou com essa zombaria: "Ainda que edifiquem o muro, uma raposa o derrubará" (5:3). Aí está o ódio e o orgulho manifestados no escárneo. Mas Neemias não se abalou. Ao invés de desgovernar-se ou de lastimar-se, buscou refúgio na oração. Deixando de lado o escárneo, o grande lider levou a obra até sua metade (5:6).
A segunda vitória de Neemias
Neemias 4:6-23. Quando Sambalate e seu aliados souberam do rápido andamento do trabalho, perderam a graça de zombar. Afinal, os judeus não eram tão desprezíveis como tinham pensado. Resolveram então, impedir, pela força a continuação da óbra. Quando falha a provocação pelo escárneo, vem a violência (1:7,8). Organizaram-se para guerrear Jerusalém, mas Neemias, mais uma vez, recorreu à oração (4:8, 9). Desta vez, porém, como havia necessidade também de ação, além de orar, dispôs os seu chefiados para a defesa (4:9). Fêz seu plano militar e o trabalho prossegiu debaixo de rigorosa prontidão. Os operários tornaram-se soldados, prontos para lutar na certeza de que o próprio Deus estaria lutando por êles (4:19, 20). A prontidão era tão rigorosa que não deixavam suas armas nem quando iam se dessedentar (4:21-23).
A vitória final de Neemias
Neemias 6:1-3. Ainda faltavam as portas e os portais do muro (6:1), quando Sambalate mais uma vez mudou de tática. A zombaria e a intimidação tinham falhado. Sua terceira tática foi a da perfídia. Armou cilada para Neemias, e mandou um mensageiro convidá-lo para conferenciar, para entrarem em aliança (6:2). Neemias mostrou-se, então, um lider clarividente, altivo e decidido. Compreendia a grandeza da obra, do trabalho que fazia e compreendia a tolice de fazer aliança com inimigos. Logo, sua resposta só poderia ser mesmo aquela: não tinha tempo a perder. Mais quatro vêzes ainda, Sambalate fêz a mesma tentativa, mas a resposta foi a mesma (6:4). Sambalate, então, enviou carta a Neemias dizendo saber que êle conspirava contra o Rei Artaxerxes, e o convidava a fazer aliança (6:5-8). Neemias, porém, não lhe deu atenção. Finalmente, Sambalate subornou Samaias para fazer Neemias, que não era sacerdote, entrar no templo para fugir de ser assassinado. Dessa forma o acusariam diante dos judeus. Mas Neemias não caiu na cilada (6:13). A despeito de todas as investidas, o muro foi concluído em apenas 52 dias de serviço (6:15).
Conclusão
***O diabo usa, contra o cristão, as mesmas táticas de Simbalate e Tobias, que eram seus servos, a saber: 1) O escárneo. Muitos cristãos desanimam, e caem, quando alvos da zombaria. 2) A violência. A perseguição já levou muitos cristãos a negarem o nome de Jesus. 3) A aliança e a perfídia. É a tática mais insiduosa. Quando o cristão resolve discutir com o diabo e aceitar aliança com o mundo, está derrotado.
***Comparando a nossa obra, o nosso trabalho com a obra, com o trabalho de Neemias, devemos compreender que estamos realizando uma grande obra, um grande trabalho, que é a expansão do reino de Deus no mundo. Não devemos sob nenhuma hipótese interromper essa obra, esse trabalho, para seguirmos atrás dos convites dos inimigos.
***A grande arma de Neemias foi a oração. Em tôdas as três fases da perseguição, Neemias orou. Isto explica sua coragem e sua vitória. Sejamos cristãos de oração e nada poderá contra nós.
***Nenhum lider pode realizar sua obra, seu trabalho, sem a cooperação do povo. Um dos segredos da vitória de Neemias, na construção do muro, está revelado no capítulo quatro e versículo seis: "O coração do povo se inclinava a trabalhar". Que as Igrejas cerrem fileiras em tôrno de sua liderança, de seus pastôres, sempre com os corações inclinados a trabalhar. Que todos os cidadãos, que todos os profissionais, mormente os cristãos, tenham sempre os seus corações inclinados a trabalhar.
***"E seja sôbre nós a Graça do Senhor nosso Deus: e confirma sôbre nós a obra das nossas mãos". (Salmo 90:17)
Depois de considerações sôbre Deus como refúgio, sôbre a miséria de uma vida passada fora do favor divino, sôbre a brevidade da vida diante da eternidade de Deus, o salmista ora pelo restabelecimento do favor divino (Sl 90:13-17). Na oração do salmista aprendemos: Primeiro, sem a graça de Deus sôbre nós, não podemos realizar sua obra; segundo, precisamos gastar nossa vida sàbiamente, de modo que nossas realizações, sejam quais forem, pessoais ou familiares, ministeriais ou seculares, eclesiásticas, pastorais ou profissionais, sejam sempre aprovadas por Deus.
Pastor Elcy França
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